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Comentário sobre o Concerto realizado em 16 de abril de 2000
Abertura da III Série Internacional de
Concertos ao Órgão de Tubos - Gerdau
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Hella Frank
&
Anne Schneider

Nessa comemoração de 500 anos de Brasil e 250 de J.S.Bach,   iniciamos o  concerto com uma música brasileira e tema gregoriano com um   "Alleluia", bastante conhecido na igreja católica.
Normalmente não é usado nenhum tipo de Alleluia nas Igrejas Cristãs durante a quaresma e até o dia da Páscoa, mas,  aqui,  não é exatamente uma cerimonia litúrgica e sim um evento cultural. Por  isso a execução desta melodia do paulista Fúrio Franceschini (1860-1976) de carater alegre e vibrante.


A segunda música foi do organista mineiro Calimério Soares(1944) com pequenos prelúdios folclóricos: "Marcha Soldado", "Prenda Minha", "Oh,que noite tão bonita", "Romance da Donzela", "Sambalelê". Foram momentos de muita graça. Todos por  certo se recordando de sua infância com saudosismo nesta obra rara para  órgão,com nossas raízes musicais. Foi a estréia mundial dessa composição.

Chegou-se então a Bach, genio musical e maior organista de todos os  tempos, que agora faz 250 anos de morte com enormes comemorações em todo o  mundo. Ouviu-se o imponente Prelúdio em la menor-BWV 543, onde desfila uma  fórmula de toccata e improvisação em estilo fantástico mas organizado e  coerente,  cheio de semicolcheias em descendente cromática e com solos de pedaleira.

Não poderia haver um concerto que se falasse e pensasse em Bach sem  ouvir ou associar logo sua mais conhecida música, a Toccata e Fuga em ré  menor-BWV565. Da sua juventude, mostra ímpeto. Feita para Pentecostes (em  Atos de Apóstolos, fala de línguas de fogo, ruídos que vinham do céu, etc.). Inicia com 3 injeções fulgurantes que cortam o céu em clarões, redemoinhos de  vento, pingos de chuva. A fuga traz um sujeito que já se ouviu na frase  inicial da toccata. De igualdade rítmica constante, é bastante livre e no   final coloca um postlúdio - recitativo ,com largos acordes de rara eloqüência.   

O Concerto foi finalizado com uma homenagem aos 500 anos de Brasil,  fazendo um passeio pelas   regiões do Brasil onde apareceram várias canções folclóricas. "O Guarani" de   Carlos Gomes;  "Aquarela do Brasil" de Ari Barroso e o "Hino Nacional",  tudo em  arranjo da organista. A platéia ficou emocionada e pediu extras.

Seguiram-se, duas fugas, a Fuga em sol menor, BWV 1001, para violino solo e a Fuga em ré menor, BWV 539, para órgão. Na verdade, trata-se da mesma obra, escrita primeiro para o violino e transposta, mais tarde, pelo próprio Bach, para órgão. Para ambos os instrumentos, esta peça constitui-se num desafio: para o violinista, porque este precisa tocar de uma a quatro vozes independentes e simultâneas, quando o instrumneto é, por natureza, um instrumento de melodia; para o organista, porque a peça não foi originalmente concebida para o órgão e, portanto, apresenta um grau de dificuldade superior às fugas compostas estritamente para aquele instrumento. No entanto, esta fuga, em ambas as versões, é mais um exemplo da maestria de Bach. Ao justapor as duas versões no mesmo concerto, foi possível observar as peculiaridades de cada instrumento no tratamento do mesmo material musical. E ambas as instrumentistas confessam ter uma pontinha de inveja do outro instrumento ao executar esta fuga: a violinista gostaria de poder contar com a massa sonora de um órgão e com a facilidade de tocar vários sons simultâneos; a organista se inspira com a leveza com que o violino executa certas passagens, leveza essa impraticável num instrumento de dimensões tão grandes.

A "Aria da quarta corda" é a versão mundialmente popular da Aria da Suite Orquestral em Ré Maior. Trata-se de uma transcrição da referida peça para violino e órgão (ou piano) feita durante o período romântico, quando o virtuosismo, o domínio técnico do instrumentista era profundamente valorizado. Nesta versão da Aria, o violinista utiliza-se apenas de uma das cordas do violino (a quarta corda - corda sol) para executar esta melodia envolvente e de tocante expressão.

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