comentários e tocatas

Toccata

Uma das mais antigas formas de composição para instrumentos de tecla. A sonata generalizou-se a todos os instrumentos e tomou proporções diferentes da tocata, que se conservou exclusivamente num só andamento, pode-se dizer, com harmonias sonoras, cheias e via de regra, muito virtuosismo. Prière - é um pedido, oracão, súplica em francês. Houve épocas, como no início do sec.18,em que a corte prussiana em Potsdam, ditava a moda da língua e do gosto francês e assim também em outros lugares do mundo. A música também foi influenciada. Muitos termos nesta língua persistem até hoje. As prières francesas são famosas e como todas as preces, são momentos de reflexão ou meditação. Algo mais delicado, suave e doce para contrastar com a alegria, rapidez e explosão das toccatas.

JOHANN PACHELBEL

O grande talento de Nürenberg foi organista em Viena, Stuttgart, Eisenach - onde conheceu a família Bach - e Erfurt. Admirador de Buxtehude, sem contudo imitá-lo, era um metodista que procurava estender melodia a todas as vozes da polifonia. Esta tocata é bem curta (2minutos), e se carateriza por ter igual formula ritmo - melódica por 11 compassos não tão rápidos como em outras Tocatas. Em mi menor.

JOSÉ CARLOS AMARAL VIEIRA

O jovem compositor e pianista de São Paulo está se tornando cada vez mais reconhecido por seu trabalho no mundo inteiro. Importantes obras para órgão brasileiro são de sua autoria. Esta tocata lembra os modelos barrocos no uso de seqüências de motivos melódicos curtos. Possui 2 partes principais com uma sub- divisão na 1.parte tipo cantilena suave. Vai para o fim em escalas ascendentes num afirmativo Dó M e caráter de livre tocata.

HEDWIGES CHRÈTIEN

Aluna predileta de César Franck. Em 1924 foi promovida ao Conselho da Sociedade de Música da França, na companhia inclusive de Gigout. Ganhou o 1º Prêmio de Fuga, e isto foi de relevância por ter sido a 1ª vez que o prêmio foi dado a uma mulher. É ela a autora dessa suave prece.

JOHANN SEBASTIAN BACH

É ele o grande gênio da música para órgão em todos os tempos. Ainda hoje em Leipzig, na "Thomaskirche" onde estão seus restos mortais. Lá pode-se notar a atração que ele ainda exerce nas pessoas que se aglomeram desde a abertura da igreja até a hora do fechamento. Esta tocata vem junto com uma fuga, mas pode ser tocada avulsa. Certamente é sua obra mais conhecida e tudo indica ter sido escrita para o dia de Pentecostes (os Atos dos Apóstolos contam que veio do céu um ruído tal que encheu a casa, etc). Seria a descrição de um temporal com raios, trovões, o redemoinho do vento e os pingos d'água. É da sua juventude, breve e impetuosa.

EUGÈNE GIGOUT

Admirador de Bach, esse organista francês de abundante produção, sucedeu Guilmant como professor no Conservatório de Paris. Esta obra é tirada das "10 Pecas", se organiza como um movimento perpétuo. Em
certo momento, coloca o tema no pedal. Ela impressiona por sua coerência, economia e senso de proporção.

LEON BOELMANN

Foi aluno de seu tio, Gigout. Ele é uma espécie de etapa entre Franck, Widor e Vierne. Esta Suite op.25, agrupa peças de características diferentes. Ouviremos as 2 últimas, a Prece à Nª Senhora em Lá bM, embalada na sua doçura, e a Toccata em dó M sobre um perpétuo móbile com motivo dramático. Uma 2ª idéia mais lírica e ascendente finaliza com sólido duplo pedal.

ALEXANDRE GUILMANT

Veio de família de organeiros e organistas, como excelente virtuoso, conhecido também no estrangeiro. É mais um admirador de Bach. Daí partiu para sua própria maneira e época de fazer música. São famosas suas Sonatas, e as peças livres, como esta prece, onde, no final, o dedo polegar direito do organista fica dependurado num manual, enquanto o resto dos dedos fica segurando o acorde no teclado de cima.

CHARLES-MARIE WIDOR

Famoso organista francês que inaugurou o grande órgão da Notre Dame e fez carreira pela Europa. Entre suas várias obras possui 10 sinfonias (esta é a parte final de sua 5.sinfonia). Foi a tocata mais popular do séc.19. Usa harpejos pontuados de acentos rítmicos ininterruptos, o pedal, com largos intervalos (usando a nota fá 5, o que nem todos os instrumentos possuem), terminando com toda a força numa nota "catedralesca".

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